a janela impúbere
Autor: António Tê Santos on Monday, 22 May 2017o receio de invalidar nas danças hipócritas todo o esplendor que me conquista desde a minada ponte dos amplexos.
o receio de invalidar nas danças hipócritas todo o esplendor que me conquista desde a minada ponte dos amplexos.
tilinto a amargura do insucesso bamboleando dentro dos folguedos transidos que procuro memorizar (a cárie circundante não me afeta o desígnio de escrever com vocábulos saídos do recolhimento).
fantasio pormenores afetuosos para extinguir as lágrimas gotejadas pelo fontanário das ilusões: eles suportam os meus projetos quando entorno sobre mim o elixir da mudança.
as palavras fluem numa cadência que entope os sortilégios da morte quando relatam intentos que fixam singularidades: elas transportam dizeres copiosos com a missão de afirmarem os atalhos do renascimento.
as tertúlias expõem regras de maneio que transformam a poesia numa festa bizarra: os vocábulos soltam-se e revoluteiam quando elas entoam os agitados cânticos da liberdade.
Apenas saudade!
Como eram belos os dias
Da minha infância
O mundo era um sonho
Com perfume das flores silvestres
O mar era um riacho sereno
O céu sempre lindo
Vestido de estrelas bordadas
Adormecia sorrindo
E despertava encantada
Ó meu céu da liberdade
Que saudades eu tenho de ti
Daquela doce alegria ao romper do dia
Das estrelas cintilantes
E das noites de melodia
Sinto saudades daquele sol
Que brilhava e as crianças alegrava
quando a jactância se vertia em esmeros poéticos eu era uma sentinela desabrida defendendo a urgência em evoluir para escapar a uma constituição que viciava o significado das palavras.
recupero os lúgubres afetos entoando cantigas que fortalecem os bailados de outrora sempre que a memória origina explanações imperecíveis.
o recheio dos meus desenganos está numa consciência que modificou os sentidos duma vida reprovada (os murmúrios que silencio contêm um desnorte que transporto até ao lugar etéreo onde me alento).
foi no tabuleiro do conforto que eu aprendi a sorrir quando gelaram os sermões estabelecidos na orla da loucura; e quando a sagração do pensamento se fez pelo mesmo umbral onde aglomerei responsabilidades.