a janela impúbere
Autor: António Tê Santos on Saturday, 20 May 2017fantasio pormenores afetuosos para extinguir as lágrimas gotejadas pelo fontanário das ilusões: eles suportam os meus projetos quando entorno sobre mim o elixir da mudança.
fantasio pormenores afetuosos para extinguir as lágrimas gotejadas pelo fontanário das ilusões: eles suportam os meus projetos quando entorno sobre mim o elixir da mudança.
as palavras fluem numa cadência que entope os sortilégios da morte quando relatam intentos que fixam singularidades: elas transportam dizeres copiosos com a missão de afirmarem os atalhos do renascimento.
as tertúlias expõem regras de maneio que transformam a poesia numa festa bizarra: os vocábulos soltam-se e revoluteiam quando elas entoam os agitados cânticos da liberdade.
Apenas saudade!
Como eram belos os dias
Da minha infância
O mundo era um sonho
Com perfume das flores silvestres
O mar era um riacho sereno
O céu sempre lindo
Vestido de estrelas bordadas
Adormecia sorrindo
E despertava encantada
Ó meu céu da liberdade
Que saudades eu tenho de ti
Daquela doce alegria ao romper do dia
Das estrelas cintilantes
E das noites de melodia
Sinto saudades daquele sol
Que brilhava e as crianças alegrava
quando a jactância se vertia em esmeros poéticos eu era uma sentinela desabrida defendendo a urgência em evoluir para escapar a uma constituição que viciava o significado das palavras.
recupero os lúgubres afetos entoando cantigas que fortalecem os bailados de outrora sempre que a memória origina explanações imperecíveis.
o recheio dos meus desenganos está numa consciência que modificou os sentidos duma vida reprovada (os murmúrios que silencio contêm um desnorte que transporto até ao lugar etéreo onde me alento).
foi no tabuleiro do conforto que eu aprendi a sorrir quando gelaram os sermões estabelecidos na orla da loucura; e quando a sagração do pensamento se fez pelo mesmo umbral onde aglomerei responsabilidades.
fecho as janelas dum tugúrio com as máculas enfeitadas pelos silvos da regeneração no final duma era impetuosa que eu coloco na prateleira das avaliações.
a proeza de me engastar onde os imperativos dos convénios não entram, nem as querelas restringidas a sintomas irascíveis que contestam os benignos veios da mocidade.