Meditação

O mundo está perdido -parte XIX

Temos pra viver muito mais
Nossos amores, nossas dores
O mundo machuca, a vida ensina a curar
Vivemos numa completa loucura
O mundo está perdido
Dominado, totalmente destruído
E as pessoas acham que é normal
Não tem nada de errado tudo é normal
O mundo é ilusório
O mundo está caótico
O mundo entra em guerra
O mundo perde a paz
O mundo se entrega
E depois quer pregar a paz
O mundo não tem mais jeito e agora tanto faz
O mundo acabou
O mundo despencou
Pra que ludibriar

A LARGURA DO ÓCIO

os poemas dançam na encruzilhada de ideias generosas e fundamentais.

 

haja a presunção de raspar a severidade que enlambuza este lugar desengraçado.

 

as páginas mudam-se em lágrimas que ressumbram nas toalhinhas da consciência.

 

a caducidade dos sermões erigidos nas ruínas das cidades caprichadas.

 

haja uma albergaria onde se protejam os segredos sentimentais e se rotulem as leviandades.

A BANDEJA LACRIMAL

há poemas que transbordam de cansaço quando rodopiam desejos ignorados.

 

a mocidade desdobrou um sonho que percorreu o circuito da imperfeição.

 

os lugares onde a vilania estende as serpentinas da solidão e do desafeto.

 

o drama necessitou de metáforas arrebatadas que transmitissem clareza às encenações.

 

esconjurei todas as vergastadas numa biblioteca vagabunda.

Na estrada

A vida é uma escola na qual aprendemos...
Ensinamos, erramos, ouvimos e falamos
Também: choramos, falhamos, caimos, levantamos
Sorrimos, dançamos, pulamos e nos decepcionamos.
Crescemos e seguimos nossa estrada
Sempre buscamos melhorar em nossas caminhadas
Na estrada, pecamos e pedimos perdão de Deus
Tememos para com Ele
Respeitando, honrando e sermos digno de Tua palavra
Seguimos na estrada
Procurando melhorar a cada dia
Aprendermos a ser nossa melhor versão
A cada passar de verão, outono, primavera e inverno

TELHADOS ALGÉBRICOS

quando a desventura é grudada aos taipais da inconsciência.

 

a saudade une-se à pobreza para trinar cantigas exaradas pela dor.

 

há homens que se ausentam para lugares onde a paisagem é incompreendida.

 

quando as fragilidades possuem as compressas que o tempo emoldurou.

 

existem aspas que se esgueiram pelas ruas que a saudade projetou.

O TIMBRE PARDACENTO

procuro nas transfusões a lira que estrutura os meus anseios.

 

as irrisões e os tumultos que se criaram dos artifícios gerais ao real entendimento.

 

por onde circula a derivação majestática do abraço, algures perdida na longa caminhada?

 

recordo a mágoa de andar descalço por bermas privativas.

 

arquivei os meus deslumbramentos na ideia de me compreender.

 

 

REGATOS SINUOSOS

os teoremas têm o benigno objetivo de solucionar corrosivas desventuras.

 

invento palavras intrépidas contra o desconsolo da indiferença.

 

capturei as nódoas do sustento e o aparato habilidoso da representação.

 

os lampejos fátuos dos homens que revivificam a nostalgia.

 

emerge um corpo desnudado sobre as ondas fictícias que o pensamento elaborou.

 

 

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