a admirável metamorfose
Autor: António Tê Santos on Monday, 13 February 2017os regimentos que fazem entrar por um túnel o palaciano futuro investem na lhaneza e no desaforo daqueles que agarram pelos cornos a veracidade.
os regimentos que fazem entrar por um túnel o palaciano futuro investem na lhaneza e no desaforo daqueles que agarram pelos cornos a veracidade.
a luta dos comissários por pensamentos que agitem a esperança dentro dos trâmites legais; a sua catadura enervada quando as opiniões são adversas; os seus desacatos na penosa atividade de se robustecerem.
são páginas cruéis as que celebram a lucidez entrando pelos aquedutos da impostura.
a liberdade numa gaiola urbana é um chamariz que escarnece ou incendeia.
a ilibação de trovas que acendem o espírito com palavras calejadas.
o que sobeja da solidão tem aspetos que se adulteram no patim estrídulo dos usos.
a magia de quem mora do outro lado do espelho desobedecendo à sinalização.
o visceral discernimento que me perturba quando o sobreponho à realidade.
somos a realidade impressa numa certidão desprendida no vendaval.
a propaganda ecoante do nacionalista requer as fráguas do destempero para aleitar os seus mitos.
as últimas sessões da viagem em torno de mim enfrouxeceram a configuração da inocência.
o carpido negligente, reforçado pelas gruas do sentimento, abriu o cadeado da fantasia.
versejo as insuficiências que me prendem a uma vida fundada em obsoletas estruturas que circundam a idade esplendorosa que transformará a sabedoria numa agradável comunicação.
a morte consiste num episódio que administra o crescimento emocional.
a contrastante realidade apalpando sempre as ilusões que a estimulam.
a deliberação de sair à procura dos eventos que constroem as querelas.
a mentira embaraça as comunicações para se nutrir aonde o chão é adverso.
as páginas mudam-se em lágrimas que ressumbram nas toalhinhas da consciência.
o raciocínio foi categorizado com palavras que eu vomitei persistentemente.
os poemas enfeitados com escarpas resultam numa paisagem individual.
os coriscos capturam a minha atenção nos labirintos de choques indecorosos que vou destampando.
a verdade sobrepõe-se aos dislates que expandem o temporal pelo oceano da frivolidade.
rebentam as mãos dos fundadores de conflitos se agarram na enxada e laboram.
silencia-se a postura de quem procura estabelecer contactos acessíveis porque os laços carinhosos são nulificados por aqueles que laceram as próprias feridas.
as arremetidas impunes esclarecem as vertigens contemporâneas.
injeto a mocidade por cima dos recados que a tristificam.
transformo a obstinação no investimento que destampa as agruras.
os homens aprenderam a segmentar os reveses pungentes.
troquei as qualidades globais por um compasso emocional.
singro no canto transferindo as utopias para o lugar onde as ideias se especializam; onde se materializa a agudeza que sobrevive no plano da hombridade.