a admirável metamorfose
Autor: António Tê Santos on Saturday, 4 February 2017relevo os sintomas de inocência quando oponho os sentimentos ao impacto dos vitupérios que sufocam aqueles que soltam murmúrios cavos onde os traumatismos se enovelam.
relevo os sintomas de inocência quando oponho os sentimentos ao impacto dos vitupérios que sufocam aqueles que soltam murmúrios cavos onde os traumatismos se enovelam.
ressoei dilemas agitados em gaiolas sensitivas.
verto os enleios duma farsa junto ao sucesso desabrido.
aqueles que nos violentam quando se colocam no centro de conflitos amovíveis.
os sentimentos esvoaçaram contra as falésias aguçadas das ilusões.
persigo o ritmo dum sonho espancado por olhares carrancudos.
For impossible,
To be believable,
First you must try.
transladaria as palestras para o lugar onde os garimpeiros aniquilam a liberdade se o frémito da riqueza derivasse para uma aceção que excedesse os antagonismos.
guardei as façanhas dentro dos copos que vou tirando de prateleiras reforçadas.
as palavras que o sol vitima nas querelas e falácias rotineiras.
os danos que a indulgência transporta para o lado da sensaboria.
um poeta brusco escava brechas por onde repuxa a liberdade.
neste mundo sombreado relevo as palmas oprimidas pelo acinte e pela inveja.
as cócegas triviais das fantochadas solidárias.
há poemas e cansaços numa mescla projetada em angústias renovadas.
o vitupério alonga-se até à praia dos costumes onde desfalece sem ressonância.
sustento uma esdrúxula amizade num comboio que não chega a partir.
agito clavas na vizinhança duma terminologia façanhuda.
sou daqueles que reprimem os impulsos que ecoam o silêncio malvado.
os cardos que no meu torso estampei pelos socalcos de dolorosas vocações.
as presunçosas adversidades dum homem emergindo das suas convicções
transporto na bagagem os esboços das ideias e as fraudes dos modelos que inspirei.
as palavras foram vívidas no meio das agruras que a cárie sublinhou.
a jornada começa num lugarejo que acolhe no seu ventre um menino perturbado.
pelas narinas da sua solidão vaguearam excentricidades.
a lua parece um trompete quando ele concebe um jardim e o atira para o centro do mundo.
os bêbados inspiram-no quando introduzem cervejas no arquejo do sofrimento.
as suas lições são ministradas nos redondéis quando a instrução o pretende encegueirar.
formalizei tópicos em lugares onde capturei o verbo amar; agora robusteço no império da erudição versos subliminares.
reinvento as gravuras genuínas que ilustram os adágios tradicionais.
transferi o desafeto para poemas que transpuseram as ranhuras do saber.
encontrei os fundamentos das combustões que lavram pelos itinerários da humanidade.
o homem resumiu deus a um mero produtor de afagos mundanos.
morei dentro de cantigas que difundiam gemidos existenciais.