o lugar das alucinações
Autor: António Tê Santos on Saturday, 10 December 2016ressurgia a alma pueril quando a minha carripana cursava o trajeto aleivoso até às frívolas danças que me supuravam o viver.
ressurgia a alma pueril quando a minha carripana cursava o trajeto aleivoso até às frívolas danças que me supuravam o viver.
recordo o esquemático porvir que delineei sobre os joelhos trementes, a jaula onde sobrevivi como um corvo alucinado, a batuta que agitava para escorraçar a monotonia.
A desconcertante noção
do tempo a esgueirar-se
alivia a pressão
por mais que aches que não,
de que o hoje nunca é tarde.
Sabeis que vives
quando esqueces quem foste,
O regresso às origens é possivel
se aprenderes a atravessar a ponte.
Subi ao telhado,
descalço
despenteado
despido.
Subi para ver a lua
de onde nunca devia ter saído.
Sentado sobre as telhas
como quem deseja saltar
vislumbro as luzes na cidade velha
invejando o pequeno pardal
por não saber voar.
Visto lá de cima,
tudo parece tão pequeno
A tempestade em mim
torna o meu viver mais sereno.
o enleio das tormentas sobre tudo o que as poderia silenciar quando as decisões são repetitivas e os balidos das concordatas se amplificam numa profusão de cardos estrategicamente colocados em cima dos benefícios.
AS MELHORES PALAVRAS))
O coração estava repleto de uma fúria
Que ameaçava toda a sua estabilidade.
Foi nesse contexto de negatividade
Que ele se preparou para criar poesia.
Mas, todas as palavras que emergiam
Latejavam com o sangue impuro
Corrompendo qualquer apelo de sobriedade.
Por fim, o poeta teve um laivo de lucidez…
A suficiente para, numa breve análise,
Perceber que aquela não era a hora para criar arte.
os poemas vão e vêm num marulhar constante junto às dunas das dificuldades: cantam com temperança ou retorcem-se ao sublinharem divergências que constroem jardins fictícios.
a aventura por plainos experimentais transportando aquilo que a vida sufragou em debates solenes ou em relatórios imersos numa grande turbulência; a tergiversação por um cais dançando uma valsa original; a miséria acoplada aos tratos com uma cobertura escabrosa que eu não soube ultrapassar.
O conforto temporário arrasta consigo um sofrimento permanente.
Sofro por ir, e sofro por não ter ido.
Mais vale ir.
as palavras inspiradas pelo medo, as aulas pintadas de fresco sob a obesidade da lua, as casas que descem o rio do desgosto para encomendar sermões tóxicos, os logros que entardecem à janela do pranto.