trinados íntimos
Autor: António Tê Santos on Sunday, 13 November 2016eu não compreendi os sentidos do meu intrigante espalhamento pelas aduncas paisagens que trilhei nem a solicitude que borrifou os territórios desnutridos da minha juventude.
eu não compreendi os sentidos do meu intrigante espalhamento pelas aduncas paisagens que trilhei nem a solicitude que borrifou os territórios desnutridos da minha juventude.
Ouvir por dentro. Clarear.
Quietude. Eu. Êxtase, na eclosão.
Eu. Marulho. Virtude, crença e oração.
Tudo está nos sentidos.
Existir. É ser brisa em corpo quente
antes do senso, voz certa, eu,
som áspero, vento de rajadas grossas.
Pensar. A doença dos olhos, trocaria eu
a sua fala pela do vento,
um simples halo de sol, pela facúndia
da figura falante. O amanho
da alma é querer ser cor, cheiro
e substância, na primeira apanha.
há fios de ternura sob o estrado da violência, reclamos ignorados que a amplidão do sistema faz soçobrar; há restos de parcimónia no côncavo da alma espalhando genuinidade mas os seus gritos são sufocados pela dor.
reviro trastes obsoletos ao divulgar os manifestos que sufragam as folias: as tristezas diluem-se quando os símbolos desusados aumentam a formosura do cântico e as querelas soçobram ante a projeção dum epílogo edificante.
são vãs as tentativas de amputar tudo aquilo que se sobrepõe ao firmamento mundano porque há relatos íntimos que nobilitam ao transparecerem as ânsias de quem habita num casarão sombrio; e que enfrenta as oposições esgrimindo contra palavras obscenas.
o amor está recheado de viçosas almas que rodopiam a sua raiz de aleivosas transparências enquanto o despotismo não ressalta com a sua crueza de recife.
as lágrimas agrestes caem no tabuleiro da sensualidade enquanto os festejos não nos deslocam para o esfraldar das miscelâneas que nos vão clarejando as ordenações.
o folguedo está nas palavras que buscam serpentear dentro de cantigas com o vigor das moçoilas que se acham no centro de amorosas efusões.
os vocábulos abrem sulcos se o lazer os obriga a abraçar a solicitude reforçando teoremas que a parcimónia instala em dísticos quando o futuro se manifesta pelos hiatos do costume.
a solidão de viver solto dos ais que enfeitam as páginas da tristeza; as asserções duma criatura que chapinha nas águas da avaliação gélida e consequente.