castos dizeres
Autor: António Tê Santos on Sunday, 26 June 2016há palavras que maquinam sermões ferruginosos entrando pelas frestas de janelas impúberes: elas colocam a liberdade sobre balanças intransigentes e resistem pelo seu autocratismo.
há palavras que maquinam sermões ferruginosos entrando pelas frestas de janelas impúberes: elas colocam a liberdade sobre balanças intransigentes e resistem pelo seu autocratismo.
as festividades empurram o horizonte deprimido do homem conferindo-lhe uma solidez aparente; este, porém, transfigura-se numa marioneta potenciando os seus fracassos com danças exasperantes.
a concha aberta do amor está nas tendas oficiais onde as feridas nunca cicatrizam; onde a proeminência das guerrilhas se faz disfarçando a morte entre os bastios da ironia; onde as imperfeições imortalizam um brado austero e exalçam os gumes dolorosos que o amor contém.
a guerrilha dos homens pratica-se num chiqueiro avantajado onde se cometem barbaridades que estoiram no solo absoluto das convicções; carreiam recados adúlteros com dúvidas sagradas por decifrar.
os versos que trago na ideia amarrotam as querelas que circulavam junto ao portal da ansiedade; insistem nos vocábulos que fazem da poesia um lugar imaterial; recordam os trastes que as convicções transpuseram para onde a adversidade estertora.
Na aceitação vem mudança,
Da mudança vem evolução.
Da evolução vem mudança,
Na mudança vem aceitação.
a verve não se esgota no lugar onde há gente que perora as suas tradições estimulando o vento agreste com dispositivos que operam para repetir o palavreado que a aclamação explora: seria como morrer quando há trovadores que ideiam racionalizar os seus sentimentos.
um poema atravessa as pontes do ciúme afugentando as paixões clássicas com a ponta duma navalha plastificada e com a aptidão para friccionar na consciência ditados esdrúxulos.
as palavras dizem aquilo que eu não ousaria sequer sussurrar nas planuras do assombro onde eu inseri a minha alma e onde os antagonismos pretenderam trucidar a esperança de enaltecer a flama doirada do sucesso.