Olá
Autor: Duarte Almeida Jorge on Friday, 3 June 2016Olá.
O meu nome é tristeza.
Adeus, felicidade.
Até já, com certeza.
Olá.
O meu nome é tristeza.
Adeus, felicidade.
Até já, com certeza.
quando vagabundeamos pelos escoamentos temos um realce que não compreendemos porque o destino nos infantilizou: há vexames que nos tornam arrogantes enquanto a autenticidade superintende o nosso infortúnio.
a recordação do logro principiava pela saliva quando o calor íntimo transvertia a ligação numa primavera alongada; quando a remessa dos beijos era um intento inadiável e a ternura acompanhava-a em momentos de imaginária sinceridade.
voltejam querelas sobre os mastros das tentações a caminho de poentes que nós fotografamos para ostentar ao mundo as sobras dum repasto cruel (a fímbria da vida é soprada por grandes mistérios, a corda que nos agarra impede-nos de perecer...).
há narrativas que são como sereias cantando num hospital ou têm a agitação tormentosa daqueles que perguntam por si ao descobrirem-se num deserto coletivo; são um mealheiro de paródias frívolas que respondem pelo nome de eloquência.
a poesia imiscui-se nos tratos revelando a sua aptidão para sensibilizar os leitores com os seus ímpetos irónicos; tem lastros de sensibilidade que alcançam um eremitério onde pulula a saudade; é uma quimera assestada à realidade com todos os apetrechos duma patuscada cerebral.
o mundo enche-se dum voluntarismo que absorve os tratados áureos da sua história renovando os queixumes quando as premissas revoluteiam dentro duma bacia ou as realidades se associam ao zénite das punições.
a poesia recolhe as vidas e aplana-as para escrever diatribes, comicidades ou tragédias que adornem a lascívia dos homens; as suas figurações são hordas de letras que atravessam os mares usados pela barriga crassa do sustento: são o farnel que anuncia um novo brilho para a literatura.
IMAGINE?
Penso em você, penso em mim.
Imagina se eu não tivesse que ir embora;
e vivesse para sempre!
Imagina?
Imagina se você pudesse ficar, para sempre!
Imagina?
Imagina a bagunça em nossos lençóis!...
Imagina?
Nós dois aos beijos as sós!
Imagina o mar à nossa espera...
O relógio por nossa conta, sem horas para marcar;
horas pra parar...
o revolutear da madrugada pelos sigilosos tomos da virtude (aparafusados a bibliotecas vagabundas), os indícios da crueldade pelos roteiros da avidez, o traumático existir numa gaiola modorrenta.