violenta-se o sonho quando as proezas humanas se desenrolam numa vasta arena donde quase ninguém escapa para impugnar tamanhas desavenças; para suprimir as mensagens que tantas fraudes enunciam; para acender a flama da nossa emancipação.
a têmpera ousada daqueles que buscam os proventos da sensibilidade; que agitam o cetro da franqueza para revelarem ao mundo os sublimes horizontes que percorrem; que enfatizam os vocábulos fluentes da sua conversão.
realizo a vontade de existir escrevendo versos ou folheando os livros dos arautos da liberdade que um dia há de nascer num mundo responsável; numa confraria que patenteie vocação para avançar pelas mutações fúlgidas que nos hão de redimir.
a gente que observo desde o lugar que habito aprimora a minha vida: porque desperta o meu interesse analítico; porque me obriga a proteger os meus sentimentos ameaçados; porque me robustece quando me expulsa do seu convívio desalmado.
defronto o mundo com galhardia porque os meus intentos ecoam mais alto que as mistificações que me torneiam; porque arremesso para um monturo todo o tipo de injúrias que sofri; porque impregno nos outros o teor da minha aprazível liberdade.
hoje falo das querelas entre os homens em busca da supremacia espiritual: há grossas aspas que demarcam a sua estultícia; há casos extremos de insucessos que os atormentam e que os fazem revoltar; há espinhos cravados nas suas almas e que lhes provocam alienação.
a turba pressente a desgraça nos carreiros acidentados por onde transita; nas urbes onde a liberdade a prejudica e a faz reclamar da existência que tem; nos receios infindos que a atormentam e nos atrozes veios da sua malvadez.
retorno à infância e aos seus problemáticos desenlaces; às assombrações provenientes das minhas naturais fragilidades; às correrias loucas pelos trilhos da liberdade; aos receios que contornava quando investia no amparo avoengo.
recupero o fôlego nas minhas andanças intelectuais, nos ditames a elas adjacentes, nas mensagens fúlgidas que elas transmitem, nas suas efusões de alegria que suplantam a barreira das minhas tempestades íntimas, no seu vocabulário ético.
escoou-se a verdade das instituições soturnas que me regeram; que me obrigaram a fugir ou a erguer os punhos contra a sua opressão; contra os seus valores contraproducentes; contra a sua falta de transparência.