o pensamento norteia a supressão das minhas agruras; o diagrama das minhas contusões protegendo-me dos ardis e dos interditos; os rastos nocivos que prossegui para me apartar das desarmonias.
UM é uma unidade singular
DOIS é mero número dual
mas antecede o TRÊS
que, por sua vez
enumera os lados de um triângulo
depois dele vem o QUATRO
que é a soma de dois pares
e o CINCO encerra a questão
com o fim da contagem
dos dedos da mão
envolvo os meus pensamentos numa remessa de afetos por analisar; numa sensibilidade florescida quando inventario os meus obstáculos; num vocabulário que ostenta os meus abundantes motins.
condeno a prepotência quando ela gera feridas incuráveis; quando o seu recheio dura mais do que o normal nos terrenos férteis da superstição; quando avalio os seus danos e as suas premissas melindrosas.
olvido os valores insípidos do mundanismo para divulgar as transformações que planeei; concebo um estilo frisante por onde desliza a minha imaginação; trespasso os meus desenganos para alicerçar a poesia que redijo.
foi uma aura que persegui quando remontei os temporais; quando converti as minhas angústias em cantigas que trauteava para toda a gente; quando habitei num monturo ornamentado com as minhas imponderações.
os segredos que publicitei para mitigar a tristeza... os lugares infortunados donde escapuli para poder refletir sobre os meus problemas... os versos relutantes que gerei para suavizar os meus fardos...
exprimo intuições que acentuam o meu prazer em redigir; transfiro para a minha intimidade as conjeturas que sustento; solicito uma energia que me consinta interpretar os trilhos ácidos que percorri.
a moagem do sofrimento conduz a uma catarse vigorosa que enriquece a poesia: ameniza os meus conflitos exacerbados; origina um paradigma de liberdade nos lugares onde enraízo a minha solidão.
naufraga a boa-fé quando colocamos as nossas desventuras no bazar da inconsciência; quando vertemos as nossas lágrimas num asfalto incandescente; quando transferimos para a intolerância as nossa gratas emoções.