o fragor da razão sobre o destino dos homens pode transparecer lisura e benignidade; pode arquivar os trechos que assinalam a nossa sordidez; pode unir aos nossos afetos uma volumosa alegria.
verti a minha seiva nos palcos da fantasia; golpeia a minha sorte com um linguarejar acidulado; ofendi os interditos com as minhas atuações descomedidas; gerei oportunidades renovadas quando me cobri de dignidade.
as sociedades têm razões sustentadas por um palavreado belicoso; por fundamentos perversos na excessiva correria pela afirmação; por diplomas esfarrapados nos púlpitos enaltecidos pelos homens.
os meus rodopios no tablado da fantasia provieram da fuga a uma realidade deprimente: foram transportados para um reinado fulgurante onde executaram bailados contrapostos à sordidez humana.
morrerei em vida se a bravura me faltar para compor uma poesia que erga o cajado contra as atoardas maldosas; contra as expressões ilógicas que subsistem na vulgar comunicação; contra as impertinências humanas.
busco um lugar hrmoniosos onde possa estranhar a aleivosia; onde possa conceber os recados íntimos que sufragam a minha solidão e os seus trâmites prazerosos; onde possa perseguir as fúlgidas reflexões.
os meus vocábulos trespassam o aconchego para descreverem malogros e frustrações; ou para injetarem bravura nas minhas contendas mundanas; ou para inferirem as atoardas disformes que qualificam as sociedades.
as homilias emitidas desde a selva bruta revelam conceitos que se distanciam das nossas aptidões; empilham os fardos que carregamos nas nossas vidas; exacerbam as lágrimas do nosso imutável sofrimento.
há sofismas por entender no mundo desgrenhado que nos torneia; guerrilhas por desprezar nas conjunturas bisonhas da nossa vida; propósitos agoirentos retorcendo as nossas mágoas.
recupero o ânimo quando grafo pensamentos que se juntam ao séquito flamejante da cultura onde buscam a extinção das minhas dores e dos meus infindáveis desencantos.