um visceral discernimento
Autor: António Tê Santos on Friday, 29 October 2021os sonhos suprimem os meus relatos umbrosos através de conquistas que mitigam o nostálgico porvir quando interagem com as deambulações eruditas que buscam uma vida melhor.
os sonhos suprimem os meus relatos umbrosos através de conquistas que mitigam o nostálgico porvir quando interagem com as deambulações eruditas que buscam uma vida melhor.
a pretensão de resumir as figurações dispersas que integram as minhas lembranças; que obliteram a dicotomia que existe entre os meus versos e a bruta realidade; que intentam harmonizar as querelas que patenteio com nitidez.
no pensamento se neutralizam as brigas que emergem das nossas condutas supérfluas: ele nos apresenta o tarifário duma existência febril quando examina o impacto de tantas rebeliões; ele nos restabelece dos conturbados percursos que nos afastaram dos hábitos fundamentais.
realço as nervuras que se instalam na minha poesia quando elucido as querelas que se desenrolam sob o meu olhar abrangente ou quando concebo os amplexos que motivam tantos suplícios por interpretar.
há sigilos por traduzir na crosta dum mundo que gera promessas que explodem no ar; que entope a ideia da morte com o seu jeito irascível; que solta faúlhas duma consciência afeita a perversões que enrubescem.
transfiro as referências da minha vida para o lugar onde as virtudes se hospedam: onde contesto as redundâncias que enxamearam as minhas afeições; onde burilo a lucidez nos cânticos que vou redigindo.
a impiedade dos homens quando constatam a rudeza da vida e os seus nebulosos momentos; as suas acometidas em escaramuças onde sobressaem ou onde se protegem das contusões.
evito os contextos belicosos com o desembaraço do sonhador que obliqua pelas intermitências das suas mágoas; e exteriorizo os meus discursos contra os açaimes mundanos e as suas grosseiras provocações.
uso a vontade para foragir dos clamores da lembrança expulsando as opressivas tentações; uso palestras que se impregnam num doloroso convívio juvenil; e uso subtilezas que se condensam num oásis promissor.