Prosa Poética

SE EU FOSSE TALVEZ UM POETA

Se eu fosse talvez um poeta
Faria em magia todas as páginas
Livres sem lágrimas, sem dor.

Refeitas de sonhos coloridos
Vestidas com tinta da liberdade
Pintadas com dignidade e vida

Se eu fosse talvez um poeta
As letras tornar-se-iam em magia
Cobririam as páginas em branco.

Já vazias, esquecidas, perdidas
Que de negro se vestiram
Pelas mágoas, dores e sofrimentos

Se eu fosse talvez um poeta
Escreveria somente poesia
Na autenticidade de um verso.

MUTILADOS RUBROS DE VINHO

Restos mutilados na velha cor dos rubros vinhos
Gramática desarticulada acompanhada de lágrimas
Rasga a mortalha do peito no último arrependimento
Nas brumas dos caminhos esta o gemido silencioso
De um tonto místico profeta, na sua liturgia angustiante
Cicatrizes abertas no trilho da memória do sítio incerto
Tecerei uns sonhos irreais como feridos de batalhas perdidas
Penetramos no sentido da vida seríamos menos miseráveis
Nos anseios os tigres de garras que dilaceram o pior pesadelo

Fechar os olhos

Somente peço duas coisas,

quero acordar e adormecer,

não peço muito, bem sei,

mas tira me o sono não saber se vou acordar,

ou se acordada voltarei a adormecer

 não passa de delírios ingénuos, idiotice talvez,

mas queria tanto ter a certeza que depois de adormecer vou acordar,

nem que seja para dormir mais descansada por saber,

que ao acordar voltarei serenamente a adormecer...e a talvez sonhar...

com a certeza de acordar para voltar a adormecer.

Desejo eterno, bem sei...

Lençóis de luar

Ser poeta
 
destro nas palavras
 
decifrando a coragem
 
corporeamente fogosa
 
falando em minhas memórias
 
imaturas
 
na rasura do tempo incrustado
 
no palco de todas as efemérides
 
despidas de desejos
 
pintados na raiz de cada velatura
 
 
Ser fúria
 
exposta em cada enrredo

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