Prosa Poética

Destarte existo...

Destarte existo...
Antes de sacar a pena, lavei as mãos,
antes de expor a alma, lavei meu corpo,
antes de alisar os cabelos, lavei a cabeça,
antes de começar a pensar,
lavei meus pensamentos.
Agora tudo limpo e purificado,
podemos começar a prosar e existir.
Posso expor os defeitos
de meu corpo com classe,
o brilho de meus cabelos arredios,
sem o odor de meus pensamentos.
Quanto cuidado tenho com meu corpo,
ao expor m’alma e replica-la nas letras.
Nesta audácia pra frente me escrevo,

O menino

Noutro dia a caminhar
entre a turba absorta,
avisto pequeno e longínquo
a figura de um menino.
 
Ele também me avistara,
logo põe-se a apropinquar.
 
- Meu senhor
meu caro chefe,
se é que assim posso chamar,
com as tuas belas vestes
transmite boa aparência,
mas senhor, os teus sapatos
não estão a combinar.
 
- Que te importa 
os meus sapatos,

Incauto silêncio

Orquestrados sorrisos gargalham no
Esteio de um verso insuflado de alegrias
Parafraseando até o silêncio incauto, precário
Suturando cada dia com tantos abraços solidários
 
Ventila a primavera seus perfumes refrescantes
Banhando o relento da noite que madruga astuta e traficante

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