O menino

Noutro dia a caminhar
entre a turba absorta,
avisto pequeno e longínquo
a figura de um menino.
 
Ele também me avistara,
logo põe-se a apropinquar.
 
- Meu senhor
meu caro chefe,
se é que assim posso chamar,
com as tuas belas vestes
transmite boa aparência,
mas senhor, os teus sapatos
não estão a combinar.
 
- Que te importa 
os meus sapatos,
por que vem me incomodar?
vá-te procurar a outro
a quem possa mendigar.
 
- Me desculpe
caro chefe,
não quero lhe incomodar,
apenas os teus sapatos,
me interessa engraxar.
 
- Pois bem,
já que insistes...
onde posso me sentar?
- Sente-se onde bem entende,
só não quero incomodar.
 
- Menino, tu me intrigas,
pois senti algo sagaz,
por que a essa gente,
põe-se a incomodar?
 
- Chefe, apenas quero
as pessoas ajudar.
... esta pronto o seu sapato,
pois já pôs-se a brilhar.
 
- Realmente, não sabia
que podia assim brilhar.
Me pergunto, este brilho,
quanto deve me custar?
 
- Oh, chefe,
não se incomode,
foi somente por apraz.
 
- Por apraz? (Mas que menino!?)
Deixe então lhe perguntar,
Se ajuda a tanta gente,
quem põe-se a lhe ajudar?
 
- Ora, todos me ajudam,
tal como a você.
- Como eu? (Mas que menino!?)
- Com este brilho,
este sorriso,
como certeza és mais um
a ajudar este menino.
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