Surrealista

Shekhinah em Malkuth

O bom seria se tivéssemos o Bem,
uma busca árdua e delirante.
O bom seria se reconhecêssemos o Bem,
não o menos mal
 
Bem está contido aos que navegam
 pelo oceano primordial
O Bem aqui não está, 
nem no Halacá
 
É o fim, não o meio
É a busca, talvez a arca da aliança
 
Não seja intolerante, 
já que nem você, talmúdico, 
sabes o Bem
 
Não seja inoperante, 

Cântico a Parabrahman

Ó fractal divino,
nove emanado nas duas dimensões primas
Manvantara de manifestação,
pralaya, da não-manifestação
 
Mulaprakriti dos fenômenos,
Vórtice físico, psíquico ou mental
Fohat e akasha de toda a existência,
Éter dos antigos, quintessência,
Quinta ponta do pentagrama
 
Dai-me humildade,
dai-me sapiência
Recupera-me as memórias esquecidas
no grande oceano primordial
 

Conhece-te a ti mesmo

No ato de querer intensificarás, 
conscientemente, a sua vontade, 
Teu desejo!
 
No ato de querer, aflorarás
a ciência natural desconhecida,
Teu desejo!
 
Conhece-te a ti mesmo,  manusya!
Tudo tem a ver com tudo...
Qual a tua verdadeira vontade, neófito?
 
O que governa todo o sistema?
 

Hoshana

Ó Senhor, tendo criado todas as coisas,
submetidas a Ti, desejou à perfeição 
O divino e terreno-mundano, 
com corpo grosseiro e terreno,
mas alma espiritual e celestial
 
Estivesse em busca da perfeição
Desejou-o durante toda a criação,
a expiração e inspiração do Todo-nada,
de dentro de Ti manifestou o sopro primordial
 
Submeteu, então, toda a terra e seus habitantes, 
e forneceu meios para que anjos 

Sempre-nunca

No despertar da lótus,
teu reflexo no espelho,
sublinhando ancestrais demandas,
e passivos comunitários semblantes
 
Ação e reação, carma
frutificando intenções,
más, boas e neutras
 
Shiva, libertarás
Darei-lhe vontade própria
Flutuará, então, de volta para casa
 
Talvez, sempre-nunca
nunca, talvez, sempre
E nestes cânticos, emerso
 
Futuro-passado,

Inefável

Inefável, a verdade é que queria estar nu
Inefável, poder supremo megalomaníaco
Inefável, regozijo-me nas veredas da vergonha alheia
Inefável, joelhos que não aguentam tantas súplicas...
 
 
Inefável, poderia, quem sabe, estar no mar?
Inefável, som inquebrantável dos desejos!
Inefável, tire-me da ignorância do tudo-sei
Inefável, nas grutas profundas do centro do mundo
 
Inefável, inefável, inefável!
 
 

Dukkha

Perturbação,
                 irritação,
                            depressão,
 
Preocupação,
                   desespero,
                                 medo,
                                        temor,
                                                angústia,
                                                            ansiedade,
 
Vulnerabilidade,
                        ferimento,

Rumo a Atziluth

E serão aquelas escadas
que me levarão a Atziluth
Sob o coro dos Querubins e Serafins
 
Foram aquelas escadas,
onde superei o abismo de minha existência
Quão espantoso é este lugar!
 
Betel, a porta dos céus
Voltei para a casa
Deixando o exílio e as ilusões desta morada
 
Quão espantoso é este lugar!
Terra azeitada de ternura e benevolência
Soube, então, o Bem

Último ato

Colha o dia, dizia Horácio
A sua vontade, concentre
Ressignificando o elo com sua morte
Podes, sem remorsos, tristeza ou preocupação?
 
Esvaziando, sem se inquietar com a hora de passagem
 
Diva, açoite suas expectativas licorosas
Invente! Como se tivesse todo o tempo do mundo
E descobrirá que não há todo tempo do mundo!
 
Module seus atos como sua última batalha na terra
 

De incertitudine et vanitate scientiarum

Sicofantas do púlpito.
Sofistas do escárnio.
De joelho, beijam vossa face.
 
Na futilidade das coisas,
esculpem vãs acusações.
Trismegestiando elucubrações.
 
Oras, qual o preço da verdade?
Xenofantiando a imensidão
de meia verdades.
 
Não há moedas, ouro ou preço,
a se pagar pela verdade.
Não há suplícios a eterna-mentira.
 
Não há caminho maior que a verdade.

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