Hoje sou incompleto
Hoje sou incompleto,
Repleto de espaços em branco
E preenchido por um indiscreto
Eu mais brando.
Não sei se sou eu,
Mas sinto-me e penso-me
Como se fosse;
Não sei se a vida em mim morreu,
Mas já não lhe ouço ou sinto a tosse.
Dou por mim
a vasculhar nos cantos da memória,
Enquanto ouço o oceano bater.
Procuro mil histórias,
As que vivi e perdi
Por não as ter;
Por não haver
Senão palavras imaginadas,
histórias forçadas
Por imaginações ainda embriagadas...
Talvez eu não passe de imaginação;
Eu e tudo o que sou;
Talvez a vida não passe de inovação
E, ao mesmo tempo, saudade de tudo o que passou.
Talvez a vida seja a ignorância, a insegurança e a incerteza;
Talvez seja nada
para além de ganância
Falsa esperança
E desejo de riqueza.
Talvez ainda te deseje,
A ti e à tua natureza...
Toda essa beleza
À qual tiveste a sorte
De nascer presa.
Mas hoje sou incompleto,
Não [sou] predador, nem presa.
Comentários
josé João Murti...
2ª, 25/08/2014 - 18:44
Permalink
Lindo
Um bom poema de um amigo completo!
Um abraço
João Murty