Metamorfose ao acordar
Metamorfose ao acordar
Vem conhecer um ser confuso
Que rasga folhas á longos anos
E que por mais que escreva nunca se sacia
Busco palavras nas avenidas do mundo
Busco palavras no meu poço fundo
Não sou o que esperaram de mim
Não serei o que sempre quis ser
Não tenho espaço, nem tempo
Para mudar o que sempre quis ser
Os defeitos que tenho ... já não são defeitos
São apenas o que sou
Perdoem-me por ser confuso e ter procurado toda a vida
Ser diferente
Sinto uma metamorfose cada dia ao acordar
O que fui ontem já não quero ser hoje
O que quis ter ontem ...já não desejo hoje
Apenas sei que sou um poço negro
E que nele busco palavras, para me definir
Sinto uma metamorfose cada dia ao adormecer
Desejei ser alguém anónimo
E que ao passares não me visses a alma nua
Não á nada mais medonho que me verem a alma nua
Onde os segredos , medos , receios transparecem
Corpo de vidro... translúcido
Que reflecte tudo o que sou
Um dia terei de partir
Por uma avenida do mundo
Onde eu seja o anónimo... onde serei de carne e sangue
E quando olharem para mim
Não me vejam a alma nua
Seja baço como a parede que esconde o solitário
Que na penumbra nunca saiu da masmorra
Que era seu corpo
Tenho de deixar minha alma sair
E partir em busca do sossego
Em busca de uma folha branca
Tenho a alma fria e doente, solitária e dormente
Um dia terei de partir
Por uma avenida do mundo
Um dia terei de escrever
Que não á nada mais medonho
Do que me verem a alma nua
Sou um poço fundo
E sinto uma metamorfose cada dia ao acordar.