PATRÍCIA

Daquela que meu riso exigia,
Que a luz da ternura refletia
Não vou me esquecer!
Por mais que o tempo tente levar
O esplendor que eu via em seu olhar,
Irei sempre o ter!

Em minha mocidade plangente
Onde na aurora da estrada ardente
Tão cedo morri,
Perdido entre as vagas da existência...
Servo do desgosto e da indolência,
Eu a conheci.

Sua fronte era uma paragem,
Na qual se desenhava a imagem
Do extremo dulçor;
Seu perfume... cheio de mistério
Não existiu em nenhum império,
Em nenhuma flor!

Negros, negros eram seus cabelos
Que a lua mais brilhava só em vê-los
Nos ares fluindo.
Aquela que talvez eu amava
Que a todos, ao sorrir, encantava
Vivia sorrindo!

Só ela que abarcava a pureza
Segava de minh`alma a tristeza,
Delicadamente!
E, no horto de meu triste existir,
Da esperança e crença no porvir,
Plantava a semente!

Ela era tão divina e singela,
Que ninguém será igual a ela
Em meu sentimento!
Bom era viver ao seu encanto,
Ter a sua voz qual doce canto,
Em seu beijo – alento!

Contudo, eu não tive esta ventura
De em seus lábios – filhos da candura –
Sentir a paixão,
De em seus ombros deitar o semblante
E não crer-me louco e delirante
Ante uma ilusão!

Na acre solidão em que ensebei
Meus louros de poeta e chorei
Já desfalecido,
Ninguém visitou-me em caridade,
Trazendo a flama da liberdade
Ao bardo esquecido!

Ninguém senão a gentil mocinha,
Que da bondade era a rainha,
A mais pressurosa!
E que minh`alma amava em segredo
Em sua sina atroz de degredo,
Sempre sequiosa!

Daquela que meu riso exigia,
Que a luz da ternura refletia
Hei de sempre ser!
Por mais que passe o tempo, estes anos
Me sejam tão cruéis, soberanos...
Não vou esquecer.

AEXANDRE CAMPANHOLA - 23/11/2008

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