Viagem mágica

Viagem mágica

 
 
O sol parecia um girassol que cansado
de viver na terra fugira para o céu,
as nuvens pareciam bordadas de dourado
pelo sol que parecia um girassol.
-
O burrinho atento ao caminho
subia o trilho de pedra e terra,
balançando as cangalhas devagarinho
subindo o trilho de pedra até ao cimo da serra.
-
O meu braço como um galho meio bambo
caía das  cangalhas que balançavam devagarinho,
sentia o beijo das ervas que beijadas pelas libelinhas
ondulavam fazendo vénia ao burrinho.
-
Pendurando a cabeça, quase fazendo o pino
via o mundo ao contrário, até a D. Josefina
no seu xaile preto dobrado em triângulo, benzendo-se dizia:
- Cruz credo, Sr. Francisco, olhe a sua menina!
-
O burro de orelhas grandes e crina pequena,
deitava de soslaio um olhar vivaço zurrando
para o cão da D.Josefina, que na tarde amena
ladrava ao cordeiro que lhe respondia  balindo.
-
Horas depois descendo a serra ao teu lado
de mãos dadas, ouvia-te cantar,
enquanto guiavas o burrinho de lenha carregado,
sobre as cangalhas que balançavam devagar.
-
Na água do rio que corria tão fresquinha
alimentando os caniços de vestido verde folhudo
reflectia-se a imagem de uma menina
e a de um deus com poder para tudo.
 
-
Fernanda R. Mesquita
 
 
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Comentários

Poesia em movimento! Segue jovial  e multicolor na visão aglomerada das recordações que a mente guarda e o espirito da poetisa decanta, poetando....

Gostei. Um bom momento,

Joã Murty

Obrigado João Murty!