*No theatro anatomico*

      Sobre a meza de marmore luxuosa
      Descança scintillante formosura
      D'uma creança esbelta, uma pintura,
      Que parece dormir silenciosa.

      As alvas rômas, que a virtude espósa
      São como alegre ninho de candura;
      Tão fresca, tão sentida e melindrosa,
      Causa pena entregal-a á sepultura.

      Os estudantes em prodiga algarvia
      Retalhando o cadaver delicado
      Jogam chufas de sordida alegria.

      Mais tarde o esqueleto dissecado
      Assiste ás prelecções d'anatomia
      Á escuta com ar petrificado.

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