Espinhoso Temporal de Mim
Outra vez o mar em sobressalto
inquietação que se abeira do abismo
nas lonjuras apaziguadoras do mar alto
que perco na longitude com que cismo.
Outra vez o céu negro, chuvoso e frio
outra vez a densa enxurrada de lama
na alagada existência que me chama
escorrendo tensa pelas margens do rio.
E outra vez a ambiguidade dos sonhos
no exangue e lento adormecer da alma.
E novamente a agitação do pinhal alto
entre a penumbra sombria dos corvos
e o receoso augúrio cravado no basalto…
Com que mares e ventos te fazes tu ò tempestade,
onde estás, aconchego adiado de abraço que tarda,
em que ilha dos meus olhos te escondes, felicidade?
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Ah!!! Mas o tempo pardacento também é renovador
e por entre a rudeza das pedras, uma erva daninha
aninha e conforta a persistência de uma singela flor.
(Rui Tojeira)