Auto-Psicanálise
Esta alma desfolhada
Em espinhos espalhada
São uma defesa forte
Para quem está farto de se magoar.
Porque sinceramente
Estou cansado de me iludir
De me apaixonar...
Partilhar camas em que só eu me deito
Com mulheres com as quais apenas posso sonhar
É a capacidade de sonhar
A falar sempre mais alto
Do que a realidade que me atormenta
A cada noite, nesta cama
Sozinho deitado.
Sem ti,
E sem mais ninguém
Mas com esses teus olhos em mim
Com esse teu toque no meu rosto.
Que procura de alguma forma acalmar
Um bicho com dificuldades em confiar
Em algo tão simples ou tão complexo
Como um sorriso sincero,
Ou um terno olhar...
E assim me espelho neste poema
Como em nenhum outro antes...
Porque à parte das personagens que finjo interpretar
Há mesmo um lado real
De um miudo desiludido e para sempre assustado.
César Ferreira.