Poema Profano

(“A escrita salva-nos da loucura” – ORHAN PAMUK, Nobel da literatura de 2006)

* * * * *

Hoje não vou cantar a Vida,
Nem os homens,
Nem os outros animais,
Nem as plantas,
Nem os mares, nem as montanhas,
Nem o vento, nem o sol,
Nem o azul profundo...

Hoje quero ignorar tudo,
Esquecer-me de mim...
Vou até esquecer DEUS!...

Quero fechar os olhos
E fixá-los no Caos distante
- O Zero Absoluto -,
Partindo em alucinada viagem
Para dormir por Eternidades,
Nos braços do Grande Nada.

Quero abraçar outra realidade;
Adormecer sem sonhos,
(Que me importa que o meu sono
Não tenha sonhos?!...)
Pois tenho medo da Vida.

Sim...Sim...
Chamem-me cobarde,
Mas deixai-me dormir!...

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22/09/2007, Henricabilio

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