Surrealista

Escala a naberius

O silêncio predominou novamente
O riso esmaece em seu semblante
A vontade não permaneceu
 
Tomado, estava, a vontade inferior
Sabedoria inferior
Vidas inferiores
 
Caminhou o trecho,
planejado e corajoso
Corajoso e tomado
 
Caminhou, não em vão
Aos gritos, sussurros
Liberdade e prosperidade
 

Largo dali

Passou mais um dia onde até de tempo são feitas as lendas
A mais um padeiro que de manhã faz notáveis merendas
Mais um dia ao lado do nada que fica no largo dali.
 
Nesse nada de largo com casas sem tormentas
O cuco falso do relógio dá na parede umas horas lentas
A mais um relojoeiro que perdeu um parafuso pois vive no largo dali.
 
Passou mais um dia ao lado do nada que fica no largo dali
Já sem espera, sem gosto e desgosto, sem queixume ou ardume

MAR DISTANTE

É um mar distante que avisto da janela, 
Caravela, barco, barca, retrato na estante! 
Com ele seguem as ondas junto com a brisa 
e se vai o sol no horizonte! 
Mar distante e que ‘dantes’ um errante navegante 
precisou navegar ‘dantes’ de viver! 

INSTINTO

 

 

 

conheci meus pares

na oclusão dos dínamos

 

sou do reino promissor

e das favas provisórias

 

sou dos alvéolos silvestres

e da lapidação do jade

 

sou das tempestades

e dos trovões avessos

 

e, flechado no tórax

por uma seta abrupta

 

obedeço ao instinto

da flor

 

 

 

GUIAS INVULGARES

 

 

o rosto se fixa no latifúndio

de sua fundura

resvala na entranha do poço

e retine o sino dos cães

calmamente observa o luar

e pleiteia o riso da lua

desfaz o sono do fogo

e adia o próximo lugar

para seus novos caminhos

vigia o orvalho

como se não houvessem sentinelas

como se os lustres fugissem

de seus sustentáculos

para nos nortear

feito guias

solenemente invulgares

 

 

 

 

 

 

 

 

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