Água viva

A água triste
 
cai velando o ser
 
já sem luz em lenta
 
combustão
 
por ver morrer-me o coração
 
e ninguém aqui tão perto
 
chegou empunhando
 
o estandarte onde narro
 
cada viagem por tantos oceanos
 
navegados
 
mil outras memórias em cada
 
olhar agasalhado
 
nos silêncios que desfruto
 
nesta versatilidade colorida
 
onde desagua estampada
 
escorrendo da boca molhada
 
um gomo de vida
 
verdadeiramente amada a cada dia
 
 
 
Sorri a leve brisa
 
nos corredores sonâmbulos
 
onde envelheço esta noite
 
que vagueia neste horizonte
 
longínquo
 
e te revejo sitiada
 
oh…alegria desenfreada
 
que bebes nutrindo a sede
 
deste mundo
 
e me deixas inundar teu rio
 
com abraços que o mar irrompe
 
em estuários consumados
 
nas vagas inquietas onde contemplo
 
heróico
 
a chegada amadurecida de mais
 
um dia recostado neste sentimento
 
que decreto assim estóico
 
num ímpeto fantástico
 
onde colidimos cada fracção de
 
tempo que goteja ameno
 
tantos aplausos levados na
 
sinfonia dos ventos
 
 
 
E na derradeira e atónita
 
vertente das águas celestiais
 
aqui nasce
 
brota
 
e flui
 
a orla dos céus marejados
 
que em teu riacho espelha
 
a limpida ilusão curvilínea
 
que ao entardecer
 
ferve, atreve e de amores abrasa
 
FC
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