O ARDINA

O ARDINA
 
ACORDO DE MANHÃ ESTREMUNHADO
COMO SE DE UM SONHO TIVESSE ACORDADO
ABRI A JANELA PARA A LUZ ENTRAR 
PARA QUE PUDESSE A MENTE CLAREAR 
E VER A VIDA A PASSAR MESMO MESMO 
À MINHA FRENTE.
E DE REPENTE OIÇO UM SON
COMO SE VIESSE NO OUTRO MUNDO
QUE ME TRANSPORTOU PARA O PASSADO
BEM PRESENTE
ERA UM ARDINA COMO ANTIGAMENTE
APREGOANDO AS NOTICIAS
OLHA AS FREQUINHAS DO DIA
O CORTE NAS PENSÕES DE QUEM TRABALHOU
E QUE TÃO POUCO TÊM 
PARA O PÃO QUE O DIABO AMAÇOU.
E O RAPAZ DE OLHAR LONGÍNQUO
E DE BOINA NA CABEÇA 
PARA QUE O SOL NÃO LHE QUEIMA-SE 
AS LEMBRANÇAS DO QUE TINHA QUE 
CALCORREAR PARA PODER GANHAR 
O PEDAÇO DE PÃO QUENTE.
LÁ CONTINUAVA COMO SE TIVESSE
A CANTAR
UMA CANÇAM TREMULA E ESTRIDENTE 
OLHA O POPULAR DOS MANDÕES
QUE QUEREM TIRAR OS NOSSOS 
POUCOS TOSTÕES. 
E LÁ FOI ELE NO SEU PASSO ACELERADO
COMO AS NUVENS CORRENDO
PARA UM DESTINO INCERTO
PARA UM DIÁRIO CUJAS NOTICIAS 
CHEGAM EM LINHAS DE TINTA PRETA
PARA GENTES DIREITAS QUE LEVAM 
O FADO DA VIDA MUITO TORTA.
 
( CARLOS FERNANDES )
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