O Retorno
Autor: Arlete Klens on Tuesday, 4 August 2015
A estrada não é das melhores após a ponte do São João. Aos poucos deixamos o asfalto e a pequena cidade de Garuva SC, para nos embrenhar na estrada de chão entre plantações de bananeiras rios e mata nativa. Alguns km a frente um pequeno vilarejo, são casas dos trabalhadores na área dos bananais. A sede da vila tem uma imponente mansão e um hangar particular com seu pequeno avião. Alguns tratores e duas caminhonetes. Deixamos a pequena vila e continuamos estrada a fora. Passamos por um pequeno supermercado de secos e molhados beirando a estrada, fechado, talvez por ser domingo. Alguns km a frente uma casa grande foi transformada em restaurante, já íamos seguir viagem mas a fome falou mais alto, e diante da escassez de habitantes resolvemos parar ali mesmo para comer alguma coisa.
___A comida é simples, falou a mulher que nos atendeu. Hoje é dia de futebol e a comida é só para os moradores da vila. Se não se importarem...
___ Imagine! Falei rapidamente sorrindo. Somos simples também!
Uma fila imensa até chegar nos panelões, todos ali se conheciam exceto nós.Alguns estavam molhados como se tivessem saído de uma piscina ou rio. A simples lembrança de um rio despertou uma curiosidade e puxei assunto com a pessoa que estava sentada ao nosso lado. As mesas eram enormes com bancos de madeira parecia uma grande família em dia de domingo fazendo as refeições. Fiz a pergunta a mulher e quem respondeu foi uma criança. ___ Tem um rio por aqui? ___ Tem o Cubatão depois da mata ali atrás. falou a criança. Lembrei do Rio Cubatão, teríamos que atravessá-lo para chegar ao nosso destino. Ele passa por aqui? Sim respondeu a mulher e mostrou-me o caminho até o rio. Vai lá depois do almoço. O restante da conversa foi abafada pelo barulho de pratos e o converse do pessoal. Terminada a refeição decidimos seguir em frente afinal ainda tínhamos uns trinta kms de estrada de chão pela frente. Nosso destino, Rio Canavieiras no distrito de Guaratuba Pr. Já acampei várias vezes neste local. Um paraíso levado pela última enchente no litoral. E esta era a primeira vez que o visitava depois da tragédia. Continuamos pela estrada em velocidade baixa desviando buracos e pedras. Chegamos na ponte do Rio Cubatão. Lembrei a primeira vez que passamos por ali, era madrugada e suas águas pareceram assustadoras.A ponte era de madeira e como íamos a frente do comboio tive que atravessar a pé pra ver se a ponte era segura, enquanto os carros a iluminavam com seus faróis, ia eu na escuridão, devagar quase parando com receio de cair rio adentro. Parecia bravo e fundo, mas na volta com a claridade do dia vi que era manso raso e suas águas claras como o sol que irradia. Porém nesta noite senti medo. Continuamos viajem, um caminho de 42km de estrada esburacada e poeirenta. Vez em quando encontrávamos um ou outro veiculo pelo caminho. As plantações de bananeiras ficaram e agora tudo que podíamos ver era uma vegetação rasteira cobrindo o que parecia ser um mangue escondido no verde do mato fechado por cerca de arame farpado. Kmts de cerca, alguns trechos de mato fechado e alguns pés de banana perdidos no meio da mata. Mais a frente beiramos novamente o Rio Cubatão e sua ponte pênsil para logo em seguida começar a subir a serrinha, passar pela "Casa de Pedra", como era conhecida pelas pedras enormes no jardim. Depois veio o rio que batizamos de Lobi, por que o conhecemos em noite de lobisomem, e finalmente o Canavieiras. Mesmo depois da enxurrada ele insistia correndo em seu leito. A ponte de balanço onde a garotada pulava, a água carregou, seu leito ficou cheio de bancos de areia, não havia mais local de mergulho, não consegui ver os lambaris passeando como jóias prateadas, a venda estava fechada. Não havia o barulho de pescadores, nenhuma barraca, nem criança. Só os minúsculos mosquitos pórvinha ainda existiam e nos atacaram sem dó nem piedade. Pareciam dizer ,___ Fora invasores! Lembrando do paraíso que ali existia outrora chorei.
A estrada não é das melhores após a ponte do São João. Aos poucos deixamos o asfalto e a pequena cidade de Garuva SC, para nos embrenhar na estrada de chão entre plantações de bananeiras rios e mata nativa. Alguns km a frente um pequeno vilarejo, são casas dos trabalhadores na área dos bananais. A sede da vila tem uma imponente mansão e um hangar particular com seu pequeno avião. Alguns tratores e duas caminhonetes. Deixamos a pequena vila e continuamos estrada a fora. Passamos por um pequeno supermercado de secos e molhados beirando a estrada, fechado, talvez por ser domingo. Alguns km a frente uma casa grande foi transformada em restaurante, já íamos seguir viagem mas a fome falou mais alto, e diante da escassez de habitantes resolvemos parar ali mesmo para comer alguma coisa.
___A comida é simples, falou a mulher que nos atendeu. Hoje é dia de futebol e a comida é só para os moradores da vila. Se não se importarem...
___ Imagine! Falei rapidamente sorrindo. Somos simples também!
Uma fila imensa até chegar nos panelões, todos ali se conheciam exceto nós.Alguns estavam molhados como se tivessem saído de uma piscina ou rio. A simples lembrança de um rio despertou uma curiosidade e puxei assunto com a pessoa que estava sentada ao nosso lado. As mesas eram enormes com bancos de madeira parecia uma grande família em dia de domingo fazendo as refeições. Fiz a pergunta a mulher e quem respondeu foi uma criança. ___ Tem um rio por aqui? ___ Tem o Cubatão depois da mata ali atrás. falou a criança. Lembrei do Rio Cubatão, teríamos que atravessá-lo para chegar ao nosso destino. Ele passa por aqui? Sim respondeu a mulher e mostrou-me o caminho até o rio. Vai lá depois do almoço. O restante da conversa foi abafada pelo barulho de pratos e o converse do pessoal. Terminada a refeição decidimos seguir em frente afinal ainda tínhamos uns trinta kms de estrada de chão pela frente. Nosso destino, Rio Canavieiras no distrito de Guaratuba Pr. Já acampei várias vezes neste local. Um paraíso levado pela última enchente no litoral. E esta era a primeira vez que o visitava depois da tragédia. Continuamos pela estrada em velocidade baixa desviando buracos e pedras. Chegamos na ponte do Rio Cubatão. Lembrei a primeira vez que passamos por ali, era madrugada e suas águas pareceram assustadoras.A ponte era de madeira e como íamos a frente do comboio tive que atravessar a pé pra ver se a ponte era segura, enquanto os carros a iluminavam com seus faróis, ia eu na escuridão, devagar quase parando com receio de cair rio adentro. Parecia bravo e fundo, mas na volta com a claridade do dia vi que era manso raso e suas águas claras como o sol que irradia. Porém nesta noite senti medo. Continuamos viajem, um caminho de 42km de estrada esburacada e poeirenta. Vez em quando encontrávamos um ou outro veiculo pelo caminho. As plantações de bananeiras ficaram e agora tudo que podíamos ver era uma vegetação rasteira cobrindo o que parecia ser um mangue escondido no verde do mato fechado por cerca de arame farpado. Kmts de cerca, alguns trechos de mato fechado e alguns pés de banana perdidos no meio da mata. Mais a frente beiramos novamente o Rio Cubatão e sua ponte pênsil para logo em seguida começar a subir a serrinha, passar pela "Casa de Pedra", como era conhecida pelas pedras enormes no jardim. Depois veio o rio que batizamos de Lobi, por que o conhecemos em noite de lobisomem, e finalmente o Canavieiras. Mesmo depois da enxurrada ele insistia correndo em seu leito. A ponte de balanço onde a garotada pulava, a água carregou, seu leito ficou cheio de bancos de areia, não havia mais local de mergulho, não consegui ver os lambaris passeando como jóias prateadas, a venda estava fechada. Não havia o barulho de pescadores, nenhuma barraca, nem criança. Só os minúsculos mosquitos pórvinha ainda existiam e nos atacaram sem dó nem piedade. Pareciam dizer ,___ Fora invasores! Lembrando do paraíso que ali existia outrora chorei.
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