Despojos do dia
Autor: Frederico De Castro on Wednesday, 21 October 2015
É este todo meu
aceno cordial deixado
ali gotejando pouco
a pouco
uma ténue e desesperada
recordação inscrita
numa alma morrendo
debilitada
É este o sentir
da alma em soerguimento
onde nos exilamos
resvalando poesia quase
lacerando meu coração
intolerante
memorizando no tempo
todas as respostas errantes
num curto intervalo onde
justificámos cada pensamento
ali embuçado
juntinho a todo o despojo do dia
que migra fulgurante…alvoraçado
É aqui
onde pernoita o espólio
dos meus silêncios
que embebedo estes poemas
com palavras de afecto
trazendo-te a noite
em fantásticos clarões de amor
cessando todo trágico eco
que se debruça, soluçando
em flagrante esplendor
Vamos repartir entre nós
este gomo de luz que engravida
nossas escuridões de vida
Vamos imiscuir-nos
no tempo com todas
as nossas exalações de paixão
monitorar o Universo com
palavras trajadas de lembranças
perfeitas
rugindo a cada sopro de vida
sincero e escrutinador
Desfez-se nos ventos
aquele tornado de paz
onde sequiosos adormecemos
nossas aparências discretas
mendigando ao despojo do dia
a total invasão de todos os teoremas
onde matematicamente legalizamos
não mais (in)diferenças
não mais (in)vencibilidades
não mais i(m)possibilidades
nunca mais (in)conformismos nem vulgaridades
apenas a demora nos instintos
quando assim nos entregamos entrelaçados
respirando só de desejos…famintos
FC
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