RIR NO TEMPO DO BOCAGE

Rir no tempo do Bocage

Hoje vou-me rir e escrever

Na minha modéstia escrita

De alguém que no passado

Foi dos grandes Poetas neste País.

Poeta do riso, escarnio e mal dizer

Deste povo que tem pouco riso

Pouco siso e pouco querer.

Que tanto mal tratado ser

Foi preso, perseguido e desterrado

Por finórios e doutores

Deste reino emaranhado.

Que do seu temperamento audaz

E na sua perspicácia de escrita

Com rima dada no momento

Levava os intelecto-os do burgo

A baterem os cascos de fulos.

E como as demais azémolas do Paço

Quando tombavam a carga

Por canseiras em dias de feiras

Ficavam com o dorso cheios de carrapatos

E os cascos com frieiras.

E quando perguntavam quem foi?

O povo dizia, foi o Bocage!

Por decreto assinado no além

Por El-Rei o desterrado.

E aos políticos e parlamentares

E eminentes doutores doutrinais

Dizia que se lembrava

Dos digníssimos senhores

Quando ia à casa de banho

E limpava o rabo aos papeis

Que esses ditavam cheios de odores.

ÀH Elmano o que dirias agora

Neste momento preciso

Destes anafados governantes

Que deste País tudo levaram

E deixaram escrito no tabelião

Que até a corda do Burro

Deixado na Universidade

Levaram como caução.

 

(Carlos Fernandes)

 

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