Lençóis de luar

Yanni Whispers in the Dark

Ser poeta
 
destro nas palavras
 
decifrando a coragem
 
corporeamente fogosa
 
falando em minhas memórias
 
imaturas
 
na rasura do tempo incrustado
 
no palco de todas as efemérides
 
despidas de desejos
 
pintados na raiz de cada velatura
 
 
Ser fúria
 
exposta em cada enrredo
 
onde se tatuam com dores
 
de parto todas as alvoradas
 
acesas numa noite enrolada
 
em lençóis de luar iluminando
 
todas as pegadas deste verso
 
imergindo na grafia eloquente
 
onde de enxurrada derramas
 
teus prantos
 
fertilizando a terra na foz
 
de todos os nossos encantos
 
 
Deixar no refugio do tempo
 
toda a avalanche de instintos
 
em lamentos
 
Exonerar nossas cumplicidades
 
diluindo em beijos
 
a chama febril que tateia
 
este ritual de acalentos
 
 
Provocar-te arrepios
 
descobrindo sedento
 
parindo cada vício deixado
 
no compartimento camuflado
 
desta poema proscrito
 
em desmantelamento
 
Deixar entre vãos da saudade
 
todo o silêncio deslumbrado
 
absorvendo o breu da noite
 
que parte sulcando os horizontes
 
do tempo onde se apaziguam
 
enamorados
 
nossos retratos arfando na
 
entrega de um apelo atado
 
a cada contorno do teu ser
 
onde sossego o fio da
 
existência empanturrando
 
nossas almas no derradeiro
 
e solene sorriso conivente
 
FC
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