PODRIDÃO IMPOSTA

Chovia com força vidros. Vermelhos de sangue!
Partiam todos os cristais! Soltos da velha janela.
Tentava caminhar. Sem ser cortado no vermelho.
Sangue de tinta! Entre as escritas letras pretas.
Prosa sem medo. Sem o dever de suportar a dor!
O cervo tremia do caçador. Predador ansioso da mente.
Caçador de sonhos! Perdido na vastidão das almas.
De mãos sujas de barro! Lenços de asas que fazem voar.
No novo cinismo rompendo o ócio. Na partida já pronta!
Desmorona no queixo caído! Na barba desfeita do despeito.
Entre o seio da incredulidade. Desespero da fome à noite!
Lágrimas soltas de sangue! No sacrifício dos versos obscuros.
Sangue no chão, onde o mal. Germina envenena e contamina!
Infiltraram-se assim escravizando! As palavras, as letras.
No vento gelado de intenções maldosas! Choviam punhais!
Que nos feriam rasgando a carne! De poemas já livres.
Da maldade, da podridão! Que era imposta nos nossos dias.

 

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