Haikai, ou tentativas...

 

Haikai: ou quase...

 
Haikai: não há nenhuma pretensão de metricamente reproduzir ou construir textos como os Haikais japoneses, ou da forma 5 – 7 – 5, ou qualquer característica cobrada... Então escrever assim com qual finalidade? Para brincar, refletir, exercitar o pensar...

 

 

1
 
Eu, tu, ele, nós, vós, os tolos,
falta alguém, quem?
Eles! Pronto, todos...
 
2
 
A Lei, a ordem,
o crime e a desordem,
uma pena para o além?
 
3
 
A puta foi ao médico, coitada arrombada,
o médico foi à puta, carente,
resultado: duas consultas... Uma enrabada!
 
4
 
O padre rezou,
o rabino leu,
o pastor cobrou!
 
5
 
Ilógico:
a raiz do último número,
eis um pensar inútil lógico.
 
6
 
O céu não é azul, há estrelas mortas,
a terra não é redonda,
nossas mentes são tortas.
 
7
 
A esquerda tem uma cara, caras,
barbuda, imperiosa, alemã,
é uma cara muito cara por ter mil máscaras...
 
8
 
Tempo,
contínua transformação,
não fixação de tudo, todo vasto campo.
 
9
 
O cão morde,
o dono do cão sabe ou não?
Meu chute é minha sorte!
 
10
 
O antiquíssimo cultuava em cavernas,
o medieval em igrejas, mesquitas, catedrais,
o moderno destemperado fugiu, o pós moderno perdeu as pernas.
 
11
 
Rosto vermelho,
força, eis o natural, o comer é nobre,
o cagar seria plebeu imoral?
 
12
 
Os discursos são necessários, teatrais,
as críticas mais, fundamentais,
eles santos perfeitos vociferam, elas pecadoras imorais.
 
 
 
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