*IDYLIO MERIDIONAL*
Sem ti, vejo o meu futuro
Um horto cheio d'abrolhos!--
Ah não me deixem teus olhos
Por este caminho escuro!
No inverno, as candidas aves
Abandonam os pombaes,
Meu bem, teus olhos suaves
Não me desterrem jámais!
Quando á tarde o ceu flameja,
Junto de ti encostado,
Que vezes, não tenho inveja
Da agulha do teu bordado!
Eu quizera a toda a hora
Cantar-te, ó sol os meus dias!
Como os sonetos que á Aurora
Enviam as cotovias.
Ó labios que pedem beijos!
Ó brancas mãos delicadas!
Voam a vós meus desejos
Quaes pombas ensanguentadas!..
Ó rival das açucenas!
Nenhum punhal faz no peito
As chagas que me tem feito
Essas tuas mãos pequenas!
E, comtudo o amor só dura
Entre as lagrimas da magoa,
--Como uma violeta escura
Que se morre á mingoa de agoa!
Um horto todo d'abrolhos
Sem ti será meu futuro!--
Ah! não me larguem teus olhos
Por este caminho escuro!