*A MUSA VERDE*[1]
Il apellait l'absynthe sa «muse verte»
(Les derniers bohémes)
Io vidi gia al cominciar del giorno
La parte oriental del ciel tutta rosata.
(Dante. Purg.)
Infelizes!--os sujos, verdes limos,
Que vezes não tem visto os afogados!...
Corações tantas vezes sobre os cimos
Do Ideal! e que o Vicio tem marcados!
Quem os leva por esses vis atalhos
Do Desespero, Fome e Suicidio,
E ao verde absintho e aos sordidos baralhos!
--Elles que leram Dante, Homero e Ovidio?
Quem os conduz?--A vil fatalidade
É quem os leva ás perfidas ciladas?--
E é tal secreta e livida deidade
Quem lhes esmaga os craneos nas calçadas?
Quem pois os empurrou, um dia--e disse:
--Aquece o Alcool... mais que o Paraizo!--
E nas cavadas faces da velhice
Gelou-lhes sempre, imbecilmente, o riso?
--Quem foi? Quem é que arrasta, eternamente,
A velha e a nova geração que perde
O seu calor, seu sangue, febrilmente--
Aos braços infernaes da _Musa Verde_!?
A Miseria--a irmã velha do Peccado,
--E o Luxo, o Mal!--tão negros conselheiros!
São quem os faz, no asphalto abandonado,
Ver apagar, com dia, os candieiros?...
Ou será, tambem,--goso triste insano
Da alma escura!--e nova podridão
Do homem de hoje, _blazé_ como um tyrano:
--De se sentir boiar na perdição?!