Um dia serei a Antártida

Quero dormir na Antártida
Esconder caimbras e assaduras
Tornando um apátrida
Em livros sem ranhuras
 
Não me movo, não prejudico
Escrevo sem ser profeta
Ouço a vida e calo o bico
Sem ter mensagem secreta
 
Não destruindo passo a criar
Está frio mas quero a Antártida
Para as lágrimas congelar
E aceitar-me sendo a sátira
 
Progresso torna-nos presos
Eu sou árvore e montanha
Corações saem-se ilesos
Do meu que não tem lenha
 
Não serei a fogueira
Para coração arrefecido
Aquecer sem fronteira
Num vácuo desmedido
 
Um dia serei a Antártida
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