PERDIDA
PERDIDA
Olho o negro inverno, da minha janela
A natureza pálida, triste, húmida e fria
Árvores despidas de troncos espessos
Caem lágrimas dos meus olhos
Neste nefasto dia chuvoso
Murmuro palavras ao vento
Sinto presos nos dedos
Todos os meus medos
Sinto a alma nua e tudo a doer por dentro
O coração apertado
Neste tédio que me devora os sentidos
Sinto-me morrer
Nesta saudade de tudo e de nada
O cigarro é o meu vício, o meu ópio
Olho o espelho com desprezo
Escondo-me de mim
Enclausurada nesta solidão
Perco o sol, perco a lua…
E das estrelas tão pouco sei
Perco a vida lá fora…
Perdi o mundo…
Perdi-me de mim…
Sinto saudade de sentir…
Sinto vontade de derrubar os muros da solidão
Espero a noite para ir dormir
No silêncio e abandono
No sono onde resvalo
Esqueço por umas horas, o desencanto e a minha solidão
Secretamente entre a sombra e a alma cega
Sou dona do meu tempo a sós
Vivo as horas apagadas
Nos silêncios desertos
Nos sonhos idos…
E nos dias que se seguem lentos cor de breu
Perdida à toa… Com o frio entranhado em mim
Sinto tanta, mas tanta saudade…
De ser Eu!
Lurdes Rebelo