Degrau a degrau

Dream By Moonlight - Peter Pearson

Fossem meus olhos bordar a luz nos imensos céus
 
onde pairam os silêncios teus e então trocaria
 
de vez o sentido impaciente com que descrevo
 
nossa entrega sem indiferenças nem contemplações
 
ao eco das plenas recompensas e sublimes ilusões
 
 
 
Que me ornamentes as palavras tecidas na súbita
 
poesia abençoada na penumbra dos nossos ternos
 
e saudosos brados alimentando degrau a degrau
 
o breve sonho deixado no rodapé do tempo
 
abandonado neste insano poema escapulindo
 
no silenciar de um verso acordando sedento
 
 
 
– Assim te estendo meu estuário poético onde tudo é aventura
 
e transita vagarosamente à beira dos nossos rios
 
como sonhos que se desintegram impressos em cada átomo
 
de vida avassaladora em cada existência demolidora
 
onde traduzimos em delicadezas a graça comovida
 
sorrindo em infinita beleza assim comprometida
 
 
 
Fossem meus olhos olhar-te num instinto de inspiração
 
e desenharia teus infinitos meteóricos movimentos celestiais
 
alcatifando a soleira do tempo onde cada afago
 
domestica os movimentos sensoriais da vida elegante
 
brotando tão crucial
 
Fossem os céus os prados memorizados desta madruga
 
extravagante
 
onde nos fazemos convertidos e flagrantes
 
e não mais morreria consumido no sopro da esperança
 
mas duraria na vulgaridade do tempo estonteante toda
 
a eternidade expectante excitada pela arquitectura da
 
sabedoria desabrochando acalentadora e delirante
 
FC
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