Degrau a degrau
Autor: Frederico De Castro on Sunday, 19 June 2016
Fossem meus olhos bordar a luz nos imensos céus
onde pairam os silêncios teus e então trocaria
de vez o sentido impaciente com que descrevo
nossa entrega sem indiferenças nem contemplações
ao eco das plenas recompensas e sublimes ilusões
Que me ornamentes as palavras tecidas na súbita
poesia abençoada na penumbra dos nossos ternos
e saudosos brados alimentando degrau a degrau
o breve sonho deixado no rodapé do tempo
abandonado neste insano poema escapulindo
no silenciar de um verso acordando sedento
– Assim te estendo meu estuário poético onde tudo é aventura
e transita vagarosamente à beira dos nossos rios
como sonhos que se desintegram impressos em cada átomo
de vida avassaladora em cada existência demolidora
onde traduzimos em delicadezas a graça comovida
sorrindo em infinita beleza assim comprometida
Fossem meus olhos olhar-te num instinto de inspiração
e desenharia teus infinitos meteóricos movimentos celestiais
alcatifando a soleira do tempo onde cada afago
domestica os movimentos sensoriais da vida elegante
brotando tão crucial
Fossem os céus os prados memorizados desta madruga
extravagante
onde nos fazemos convertidos e flagrantes
e não mais morreria consumido no sopro da esperança
mas duraria na vulgaridade do tempo estonteante toda
a eternidade expectante excitada pela arquitectura da
sabedoria desabrochando acalentadora e delirante
FC
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