Desobriga
Autor: António Nobre on Wednesday, 21 November 2012
Os meus peccados, Anjo! os meus peccados!
Contar-t'os? Para que, se não têm fim...
Sou santo ao pé dos outros desgraçados,
Mas tu és mais que santa ao pé de mim!
A ti accendo cyrios perfumados,
Faço novenas, queimo-te alecrim,
Quando soffro, me vejo com cuidados...
Nas tuas rezas, lembra-te de mim!
Que eu seja puro d'alma e pensamento!
E que, em dia do grande julgamento,
Minhas culpas não sejam de maior:
Pois tenho, que o céu tudo aponta e marca,
Um processo a correr n'essa comarca,
Cujo delegado é Nosso Senhor...
Hamburgo, 1891.
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