O tacto do tempo
Autor: Frederico De Castro on Wednesday, 2 November 2016
Existe um sabor em cada cor
o tacto indistinto do tempo
que se esgueira
a névoa de Outono que chega
o sentir do perfume à janela
Bastava só sonhar o ser uma
aguarela num dia assim que
finalmente se revela
Por fim irrompe no silêncio
a surda melodia num solo
profundo de Beethoven
exaltando a vida desabotoando
todo o esplendor das palavras
e da 9ª sinfonia vestindo a noite
de gala num abraço que clameja
tendadoramente
e repleto de desejos maquinados
inequivocamente
Saudei o poente tremendo na tarde
que fica ali juntinho ao celeiro das
memórias mais vagabundas
oferecendo-te num invólucro de beijos
os meus mais selectos poemas
brotando num sonho selado com
silêncios e gentilezas amarrados
ao cordão umbilical da vida
cogitando apressada no algoz tempo
selvaticamente assim enamorado
Deixei tatuado no tempo um poema
aplaudindo qualquer emoção rabiscada
num teorema de vida sedento por um sonho
que suscita a matriz das palavras onde espanco
meus versos sem itinerário nem destino
trincando a ponta de cada desejo que chibata
um preliminar beijo suspirando felino
Apenas e só te oferto os fonemas do amor
martelando a preceito o véu do tempo onde
angariamos cânticos e lembranças das vivências
e irreverências alvorecendo numa sinfonia sulcando
uma pitada de eternidade enfeitando a vida fértil
e imensurável que jaz na subtileza do prazer
untado num sorrido despertando mais versátil
FC
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