A MEU IRMÃO AUGUSTO
Autor: António Nobre on Sunday, 30 December 2012
Léman azul, que, mudo e morto, jazes.
Quanto és feliz! assim podesse eu sel-o!
Nem a sombra dos montes, nem seu gêlo,
De turvar tuas agoas são capazes.
Minhas cartas inuteis de doutor
Eu rasgaria, é certo, com prazer,
Se eu podesse um dia vir a ser
Dessas ondas, um simples pescador.
Léman azul, nas agoas socegadas,
Quantas vidas tu levas confiadas!
Pareces ver meu mal, e escarnecel-o!
Só do meu coração, ao alto-mar,
Ninguem se quiz ainda sujeitar.
Quanto és feliz! assim podesse eu sel-o!
Villeneuve, junho, 1896.
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