Sob disfarce

Quisera eu fotografar o silêncio
 
Embarcar numa máquina de tempo
 
e viajar…viajar embriagando todas
 
as madrugadas desaguando no dominó
 
da vida jogada pra lá e pra cá
 
desarrumando todos os horizontes
 
divagando sem sentido
 
sem planície…rumo
 
instante ou existência
 
 
 
Sob disfarce prescruto o lado
 
mágico das palavras coíncidentes
 
Perfumo o desejo esculpido nas
 
tuas formas súbtis…reincidentes
 
Deixo percorrer o dia aveludando
 
o disperso farfalhar do silêncio
 
onde convalesço ao ritmo premente
 
dos desejos tão contundentes
 
 
 
Deixa-te levar no sabor das lembranças
 
aconchegando todo hiato de tempo cósmico
 
acariciando os poros da existência
 
clamando a cada transeunte dia que
 
escapa na patente da saudade que
 
morre pesarosa neste labirinto
 
planando em desassossegos
 
que agora só eu pressinto
 
 
 
Perderam-se tantos segundos numa
 
hora sequiosa de eternidade
 
que até me esqueci de marcar no
 
calendário da poesia uma palavra
 
de feição onde memorizamos a demanda
 
do tempo num absurdo silêncio iluminando
 
os candeeiros da vida escurecendo subtilmente
 
os céus incógnitos e extraditados
 
em versos absolutamente estupefactos
 
FC
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