Ha já duzentos soes, ha quatro luas

    Ha já duzentos soes, ha quatro luas,
    Que te pedi que a Igreja abandonasses.
    Tu és cruel, Senhora! continúas,
    Como se agora apenas começasses.

    Á sexta-feira e ao sabbado jejuas,
    E tanto te pedi que não jejuasses.
    E o que dóe mais, Senhora, é que insinuas
    Em voz que tanto dóe: «Se me imitasses...»

    Nenhuns peccados tens. És anjo e santa.
    Boa como o ceu, simples como a planta,
    Cozes p'ros pobres, fazes boas-obras!

    Quaes são os teus peccados? peccadores
    Senhora! são os vossos confessores.
    Homens e basta: são máos como as cobras!

Lisboa, 1897.

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