Monologo d'Outubro
Autor: António Nobre on Friday, 4 January 2013
A MEU IRMÃO AUGUSTO
Outomno, meu Outomno, ah! não te vás embora!
Ás minhas, eu comparo as tuas extranhezas.
Ah! nos teus dias não ha Julhos nem aurora,
E só crepusculos... Crepusculos são tristezas!
E tu que já passaste o Outomno só commigo
Não pensas ao cahir de tantas agonias
Nas minhas, que tu sabes, ó meu melhor amigo?
Cahi, folhas, cahi! tombae melancholias!
Ides morrer, folhas! mas morrer que importa?
Lá vae mais uma... mal nasceu e já vae morta.
Levaes saudades? Coitadinha, sois tão nova!
Tendes razão? Nem sei a fallar a verdade.
Tombar quizera eu, só p'ra esquecer. Saudade,
Irmão, não a terei tambem, lá pela cova?...
Foz, 1897.
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