Mamã
Autor: António Nobre on Sunday, 6 January 2013
Toda a Paz, todo o Amor, toda a Bondade,
Toda a Ternura que de ti me vêm,
Amparam-me esta triste mocidade
Como nos tempos em que tinha Mãe.
Quanto eu te devo! Odios, impiedade,
Indignações e raivas contra alguem,
Loucuras de rapaz, tedios, vaidade,
Tudo isso perdi--e ainda bem!
Salvaste-me! Trouxeste-me a Esperança!
Nunca m'a tires não, linda criança,
(Linda e tão boa não o farás, talvez!)
Pois que perder-te, meu amor, agora,
Ai que desgraça horrivel! isso fôra
Perder a minha Mãe, segunda vez.
Ilha da Madeira, 1898.
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