Ha vinte annos já, que andas na Terra
Autor: António Nobre on Monday, 7 January 2013
Ha vinte annos já, que andas na Terra,
Ha vinte dias só, que te conheço!
Eu andava perdido pela serra,
E o que eu era então, já não pareço.
Ha vinte dias só que te conheço,
Ó meu beijo de Luz! minha Chymera!
És a Graça de Deus (com qu'estremeço)
Talvez, o que no mundo, inda me espera.
Sonho da minh'alma! Ó meu ceu d'estio!
Pois não tens piedade d'este frio
Que sinto em mim, na minha solidão!
Minha bençam de Christo, promettida,
Não serás tu a Paz da minha vida?
Oh! não me digas não, que és Illuzão!
Quinta Almeida. Funchal, abril, 1898.
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