Sonho A

 

Não senti nem soube quando me entreti assim
Estava a voar bem mais rápido do que um Boing
Estava alto, tudo tão pequeno, tudo tão grande
Tudo tão mudo que, tão certo, nem vi tudo…
Voei de céu a céu, de mar a mar, num perfeito voo
Não senti nem soube quando me entreti assim
Em terra, meu corpo é transportado por lobos,
Rodeado de gatos, essências de miares, pedras marshmallow
Confeitos doces arbustíficos, risos de pássaros, gargalhadas,
Humanos empoleirados nas solas de outros,
Tudo que eu pudesse imaginar, tudo era.
Não senti nem soube quando me apaixonei assim.
Em cartaz de finas folhas de vide, apanhei bicos de cachos,
Seios de mulheres, em outras estancias, ao molho, uvas
Magnificência agrícola, tudo tão verde e colorido, tudo tão húmido,
Não buscava maior satisfação, vi tudo e em tudo me deitei,
Em palha de rosas, almofadas de girassóis, em camas de verdes
Não senti nem soube quando me tentei assim.
Sem ter tido o sentido de querer, quis,
Sem sequer ter tido a permissão, fiz – refiz
Sem muito para dizer, disse – eu sou feliz
Sem ter nada, com magia, então escrevi
Não senti nem soube que disto vivi.
Não senti nem soube quando adormeci…
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