Sopro no tempo
Autor: Frederico De Castro on Friday, 24 March 2017
O silêncio descobre-se a si mesmo
pernoita em cada eco do tempo
inflamando a noite que arde de tremores
folheando as melancolias semeadas
nesta solidão alimentando os sonhos
numa citação de beijos tão mitigadores
As sombras da luz iludem até o dia fenecer
Curvam-se perante a madrugada saltitando
em cada sopro de tempo galanteador que se
equilibra em extase num abraço fitando o breve sorriso
que deixaste no meu ego expectante e conspirador
Lá em cima sei como os céus apartam suas
nuvens para teu ser a mim se algemar
adocicando a pluviosa gota de chuva
irrompendo no silêncio palpitante
insensato, imaginativo…expectante
Deixo nos jardins o perfume que as rosas
de ti exalam
semeando a seiva de um sorriso quase bêbado
destilando toda a essência contida na ululante
demência de um audível eco desmascarando
um beijo congeminando incitante
Com o tempo deixei coagular a luz que desponta
nas veias deste silêncio
Alimento as artérias do amor devorando todas
as anemias aflorando o hematócrito desta vida
escorrendo entre as moléculas do tempo e aquele
exuberante sonho hemorrágico e proscrito
injectando no venoso dia itinerante o sopro de luz
que morre assim indómito e furtuito
FC
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