O FILHO MORTO
Autor: Soares de Passos on Saturday, 17 November 2012
No povo d'além da serra Vai a noite em mais de meio, E a pobre da mãe velava Unindo o filhinho ao seio. «Acorda, meu filho, acorda, «Que esse dormir não é teu; «É como o somno da morte «O somno que a ti desceu. «Tarda-me já um sorriso «Nos teus labios de rubim; «Acorda, meu filho, acorda, «Sorri-te ledo p'ra mim.» Mas o infante moribundo Em seu regaço expirou; E a mãe o cobriu de beijos, E largo tempo chorou. Em seu pequeno jazigo Dous dias chorou tambem; Ao terceiro o sino triste Dobrou á morte d'alguem. E á noite no cemiterio Outro jazigo se via: Era a mãe que ao pé do filho Na sepultura dormia.
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